Relatório do GroupM aponta que declínio das taxas globais de crescimento será causado pela queda da economia
As previsões do GroupM, empresa de mídia e publicidade do WPP, prevê uma desaceleração mundial no crescimento da publicidade a partir de 2020, à medida em que a economia enfraquece.
Compilado por Brian Wieser, que chegou à WPP como presidente global de business intelligence em fevereiro, o relatório estima que a publicidade global (excluindo anúncios políticos dos Estados Unidos) encerrará o ano com percentual de crescimento de 4,8% — menos portanto que os 5,7% registrados em 2018. Além disso, o estudo prevê uma desaceleração ainda maior para 2020 e 2021, chegando a um ritmo de 3,9% e 3,1%, respectivamente. O crescimento deverá variar entre 3% e 4% até 2024, de acordo com o estudo.
De acordo com o levantamento, essa lentidão se deve ao enfraquecimento da economia global. “Embora muito pior que nos últimos anos, nós notamos que o volume seria equivalente ao ritmo de crescimento observado durante os anos de 2012 a 2014”, apontou o documento.
EUA na liderança
O relatório estima que o valor total do mercado publicitário seja equivalente a US$ 628 bilhões, em 2020, excluindo investimentos em mala direta e diretórios, o que elevaria esse valor para US$ 700 bilhões.
Os EUA continuam sendo o maior mercado de publicidade global, com US$ 246 bilhões em gastos, de acordo com o GroupM. Apesar disso, o crescimento da publicidade americana será reduzido de 7,6% em 2019 para 5% em 2020 e 3,4% em 2021, aponta o estudo.
Dividido por canais, o relatório afirma que “a publicidade relacionada à internet agora é inequivocamente o meio mais importante do mundo”. O documento prevê US$ 326 bilhões em receita de anúncios digitais, durante 2020, número superior aos US$ 294 bilhões registrados em 2019. O digital vai representar 52% do total global da publicidade em 2020, representando crescimento de 11%.
A taxa global de anúncios em televisão terá declínio de 3,6% em 2019, afirma o relatório. Esse dado não inclui a propaganda política nos EUA, que subiria essa média para 5,5%. O estudo do GroupM prevê pouco menos de US$ 170 bilhões em receita global de anúncios em TV até 2024. Mas enquanto a taxa média de crescimento foi de apenas 0,1%, em 2019, o relatório antecipa que os investimentos em TV vão chegar à 1,8% em 2020, “ilustrando que existem muitos países onde a publicidade na TV ainda está crescendo”, afirma o documento.
O efeito do streaming
Segundo o levantamento, o streaming continua ganhando força. A Netflix responde por 37% de todo o consumo desse tipo de conteúdo nos EUA, aponta o relatório, citando a Nielsen. O GroupM sugere que a Netflix possui 5% da participação em visualizações, com base nos dados da Nielsen. A empresa deve investir US$ 3,5 bilhões este ano em produção de conteúdo e US$ 5 bilhões até 2024. Junto à receita do Hulu, a Disney também deverá colocar US$ 5 bilhões anualmente em conteúdo para o Disney + até 2024.
“Para a indústria de mídia, a questão é qual será a tolerância dos donos de mídia para a queda das margens”, aponta o relatório. “Para os anunciantes, alguns elementos da televisão vão piorar porque o inventário de anúncios deve se tornar mais escasso e, provavelmente, mais difícil de conquistar. Por outro lado, onde a publicidade existe neste novo mundo – e muitos serviços de streaming vão agregar os anúncios como um elemento de seu modelo de negócio — é provável que conquiste mais consumidores engajados, potencialmente em ecossistemas mais valiosos”.
Combinadas, TV e digital representam 80% de toda a publicidade, segundo o relatório, deixando de fora o out-of-home, impresso e rádio.
Altos e baixos
O OOH representa a maior promessa entre as três mídias, com US$ 39 bilhões na receita global de anúncios, em 2019, de acordo com o relatório. O documento prevê que o crescimento do out-of-home terá desaceleração de 5,3% em 2018 para 1,8% em 2019 e depois recuperará, com crescimento de 2,5% em 2020.
O rádio, que deverá equivaler a US$ 31 bilhões em mídia este ano, vai cair 1,1% em 2019 e crescer 1,8% em 2020, excluindo a propaganda política dos EUA, de acordo com o relatório. O documento afirma que o impresso “ainda luta”. Estima-se que os jornais arrecadem US$ 39 bilhões em receita publicitária, em 2019, uma queda de 11% em relação ao ano anterior. É estimada queda de 10% a cada ano para os jornais daqui para frente. As revistas enfrentam uma ameaça semelhante, com declínio de 10% em 2019.
Qual a lição sobre isso? “Apesar dessas tendências de crescimento desfavoráveis, todos os profissionais de marketing devem avaliar regularmente as oportunidades de usar a mídia além da televisão e distribuir digitalmente suas campanhas”, diz o relatório. “Só porque um meio está crescendo lentamente ou em desacelerando não significa que não possa ser impactante para a publicidade agora ou no futuro”.
*Tradução: Taís Farias
Via Meio&Mensagem.